Sem lhe cobrar, a prima pagara as despesas
Esperando até que chegasse o seu salário
No final do mês, que viesse sem surpresas
Já havia poucos mantimentos no armário
Onde houvera revolta, preguiça ela discernia
Arrependia-se de a ter levado a ir para o café
Ela não demonstrara vontade e nem simpatia
Lamentava-se, como se tivesse partido um pé
A prima amaldiçoava os seus momentos rasgados
Em que quisera ajudar quem no fundo não queria
Quis que os seus valores fossem transplantados
Para uma pessoa que nunca os apreciaria
Mas tinha pena das crianças por ela criadas
Receava que se tornassem cópias dos pais
As situações não seriam por ela ocasionadas
Sabia que ali já não poderia intervir mais
Aquela não era a sua luta, tinha de reconhecer
Por muito que lhe custasse aquela realidade
Apesar da traição, o homem iria sempre vencer
E a mulher continuaria feliz na sua futilidade
13.01.2010