Justiça imanente - parte X


O homem e a mulher deitaram-se de costas voltadas
Entre eles pouco ou nada havia para ser conversado
Ela dormiu, ele ficou a ver as horas no rádio iluminadas
Tão mal como então, a sua vida nunca havia estado

Durante toda a noite, não conseguiu adormecer
Os pensamentos fluíam numa violenta cascata
Tentava distrair-se, era só o que podia fazer
Mas lembrava-se daqueles trafulhas de gravata

Levantou-se, entrou no quarto do menino doente
Vendo-o pequeno, magro e encolhido no seu leito
De súbito, o homem sentiu uma enorme dor no peito
A morte do seu filho castigá-lo-ia exageradamente

Aproximou-se da cama, e o menino logo acordou
Perguntou-lhe o que se passava para ele ali estar
Ele disse que tinha saudades, que o viera visitar
Um lindo sorriso ao rosto do menino assomou

O homem os seus olhos a humedecer-se sentiu
Queria falar, mas embargavam-no as emoções
E foi então que o arrependimento o invadiu
Amaldiçoou as suas passadas más acções

Prometeu a si mesmo que se emendaria
Que findavam os maus comportamentos
Será que a sua mulher ainda o perdoaria?
Ou era já demasiado tarde para lamentos?

18.12.2009

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